A estrutura de atendimento para casos de saúde mental em Manaus voltou ao centro dos debates na Câmara Municipal de Manaus (CMM) nesta terça-feira (1º), com a solicitação de ampliação dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) feita pelo vereador Eurico Tavares (PSD). Autor do Projeto de Lei nº 300/2025, que propõe a criação de novas unidades e o fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), Eurico denunciou o que chamou de “abandono institucional” de milhares de famílias que buscam por atendimento e não encontram.
“Manaus tem mais de dois milhões de habitantes e apenas seis CAPS. Isso é um absurdo. Zonas inteiras, como a Norte e a Leste, simplesmente não têm acesso. Enquanto isso, crianças com pensamentos suicidas ficam sem tratamento. Estamos falando de vidas”, denunciou o vereador.
A proposta do parlamentar estabelece diretrizes para que novas unidades sejam instaladas prioritariamente em áreas de maior vulnerabilidade social. O projeto também amplia o atendimento para o público infantojuvenil, com atenção especial a crianças com transtornos mentais, TEA, autolesões e uso abusivo de substâncias. “O que vemos hoje é um sistema que ignora o sofrimento psíquico. Acham que depressão e ansiedade são frescura. Não são. São doenças que matam em silêncio”, disse.
Em tom crítico, Eurico destacou que a distribuição atual dos serviços prejudica principalmente quem mora nas periferias. “Enquanto o centro da cidade tem alguma oferta, nas comunidades mais distantes as famílias enfrentam longas horas de deslocamento, muitas vezes sem dinheiro sequer para o transporte. Cada CAPS que falta é uma chance a menos de salvar alguém.”
Segundo o vereador, o PL 300/2025 não impõe novas despesas imediatas ao Executivo, mas aponta caminhos legais e possíveis para a expansão da rede, respeitando os limites fiscais e constitucionais. “A pesquisa legislativa já confirmou a viabilidade do projeto. Não há barreiras técnicas ou jurídicas”, reforçou.
Ao encerrar o discurso, Eurico fez um apelo direto aos colegas parlamentares: “Esse projeto é para agora, não para depois. Quanto mais rápido for aprovado, mais vidas podemos preservar. Que, no futuro, a gente possa olhar para trás e dizer: fizemos a nossa parte. Escolhemos cuidar. Escolhemos a esperança.”
O projeto segue agora para análise nas comissões da Câmara Municipal de Manaus.