A proposta de Brasil e China para criar um caminho negociador para encerrar a guerra entre Ucrânia e Russia foi questionada pelo secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken.
Nesta sexta-feria (27/9), em coletiva de imprensa em Nova York, ele insistiu que apenas planos que façam referência à Carta das Nações Unidas podem ser considerados e apontou que não há como pensar em recompensar os russos pela invasão do território ucraniano.
“Amigos da paz”
Brasil e China criaram, nesta sexta, oficialmente um grupo de 15 países emergentes para trabalhar pela paz entre Ucrânia e Rússia, ainda que não haja qualquer sinal por parte de Kiev e Moscou de que exista uma intenção de negociar um acordo neste momento. Horas depois do anúncio, o chanceler Mauro Vieira esteve com o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, e o plano chegou a ser mencionado.
A declaração final do novo grupo de “amigos da paz” traz uma referência à Carta das Nações Unidas, como cobravam os americanos e europeus. Mas faz ponderações.
Nações Unidas, respeitando a soberania e a integridade territorial dos Estados”, diz o documento, assinado por México, Argélia, Indonésia, Egito, África do Sul e outros.
Mas o texto é completado com um aspecto que preocupa os americanos e ucranianos. O documento cita a necessidade de “respeitar as preocupações legítimas de segurança dos Estados e levando em consideração a necessidade de manter os princípios de paz, segurança e prosperidade”.
Questionamentos dos EUA
Para a Casa Branca, a redação sinaliza que qualquer acordo precisa levar em consideração as “preocupações legítimas” do Kremlin diante do que é visto pelos russos como uma ameaça da expansão da Otan.
Segundo Blinken, apenas existe espaço para considerar planos que assegurem a integridade territorial dos ucranianos, soberania e independência. “Esses são os princípios da Carta da ONU”, disse.
O americano apontou que já apresentou o que acredita ser o caminho para uma negociação e rejeitou qualquer opção que preveja alguma recompensa ao presidente Vladimir Putin pela invasão, há mais de dois anos.
“Um paz em que o agressor leva tudo que queria e vítima não tenha direitos não é uma receita de paz”, disse. Segundo ele, qualquer proposta será julgada pelos americano nessa base.